VII CONGEAfro - Congresso sobre Gênero, Educação e Afrodescendência: afrodescendentes em narrativas cotidianas - Internacional
CONGEAfro-Brasil/Moçambique.
A mãe abre a janela da própria alma. O voo na imensidão é profundo. Ela sucumbe de vertigens na alegria do reencontro. Delira. Não, meu deus. Eu contava-te todas aquelas histórias de ninar, como qualquer pássaro espalhando sementes ao vento. É bom demais saber que a planta que semeou, germinou. Mas quando a árvore é grande demais também espanta. [...] Minha avó, minha mãe – diz Chivambo. Duas pedras basilares no edifício da vida. O que seria de mim sem a vossa existência? (Paulina Chiziane, in: “As Andorinhas”, 2017. p. 111-112).
O VII CONGEAfro - Congresso sobre gênero, educação, e afrodescendência: afrodescendentes em narrativas cotidianas, que acontecerá de 03 a 06 de novembro de 2020, é um congresso internacional que está sendo organizado entre Brasil e Moçambique, como continuidade ampliada de atividades organizadas pelo Núcleo de Estudos Roda Griô: Gênero, Educação e Afrodescendência, da Universidade Federal do Piauí e diferentes núcleos brasileiros (ver em Comitês). Nesta sétima edição centraremos esforços em problematizar as narrativas que temos, continuarmos elaborando sobre ser ou estar sendo africano e afrodescendente nos diferentes cotidianos com os quais nos envolvemos para ser gente em lugares e tempos diferentes. Essas ações no tempo nos identificam e nos fazem transformar o tempo todo, ao mesmo tempo em que acionamos nossas memórias para contar e recontar o que de mais belo estamos sendo decolonizadoras/es nas sendas perigosas do mundo (re)colonizado culturalmente.
Acionando memórias de nós, através do subtema atual, revisitamos todos os outros subtemas trabalhados nos CONGEAfros anteriores: I CONGEAfro: conquistas, experiências, desafios (dias 06-07-08 de novembro de 2013); II CONGEAfro: orgulho de ser afrodescendente - lugares e identidades (dias 03-04-05-06 de novembro de 2015); III CONGEAfro: direito de ser nas relações de poder (dias 09-10-11 de novembro de 2016); IV CONGEAfro: descolonialidades e cosmovisões (dias 07-08-09 de novembro de 2017); V CONGEAfro: justiças social e epistêmica na Década dos Povos Afrodescendentes (dias 05-06-07-08-09 de novembro de 2018); e VI CONGEAfro: políticas públicas e diversidade - quem precisa de identidade (dias 06-07-08 de novembro de 2019). Durante todo esse percurso, nos espantamos, pois chegamos até aqui, como a mãe de Chivambo no conto “As Andorinhas” (CHIZIANE, 2017), como qualquer pássaro espalhando sementes, e a semente está se transformando em árvore frondosa que precisa ser vista, celebrada, e usada como apoio para fazer germinar mais sementes.
As narrativas como linguagens dinâmicas-flexíveis, são potentes maneiras de experienciarmos as nossas próprias histórias, reconhecermos conquistas-vitórias, renovarmos o fôlego para enfrentarmos novos desafios e procurarmos novas oportunidades de conquistas de: presenças, direitos, epistemologias, políticas, educações, cosmovisões, identidades, visibilidades, subjetividades. Desta maneira, as atividades e os modos das rodas de conversas serão reforçados através de: outras mídias, mesas redondas, comunicações orais, minicursos, oficinas e pôsteres durante o evento, tendo como propósito basilar, o aprender-ensinar coletivamente para sermos mais pessoas, mais GENTE.
Estamos enfrentando uma pandemia, a do novo Corona Vírus, desde março de 2020. Se formos pesquisar um pouquinho só sobre as populações e grupos mais prejudicadas encontraremos, especialmente no Brasil, os afrodescendentes nesse grupo. No Piauí já somos mais de 80% da população. Em Moçambique e em outras partes do mundo a realidade não é tão diferente. As narrativas colonialistas nos trouxeram grandes epidemias e sofrimentos. Como então narrar nossas experiências conscientes destas realidades, mas trazendo as nossas criações, enfrentamentos, potencialidades, forças, docilidades e solidariedades entre nós? Muitas perguntas e respostas podem surgir.
“Quando as pessoas interessadas numa questão conversarem entre si, cada uma se torna mais sábia, mais poderosa”. (Provérbio dos Mende de Serra Leoa, África Ocidental).
Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Educação e Afrodescendência - Roda Griô-GEAfro.